“Documento oficial”: Por que o Estado não conseguiu evitar a morte de Valério Savedra?
O caso ocorreu na Penitenciária Estadual Thiago Borges de Carvalho (PETBC), localizada em Cascavel, e os detalhes do ocorrido foram obtidos por meio de interrogatórios conduzidos pelas autoridades....
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Por Redação CGN
No dia 23, Valério Savedra, de 44 anos, foi encontrado morto na cela onde estava detido. Os companheiros de cela relataram em interrogatório que a morte ocorreu após ele ter sido agredido, supostamente motivada pela chegada de um documento oficial que informava que ele respondia a acusações de estupro. O caso ocorreu na Penitenciária Estadual Thiago Borges de Carvalho (PETBC), localizada em Cascavel, e os detalhes do ocorrido foram obtidos por meio de interrogatórios conduzidos pelas autoridades.
Os relatos dos detentos
Durante os depoimentos em que a CGN teve acesso com exclusividade, os presos alegaram que as tensões começaram cerca de duas semanas antes, quando Savedra teria recebido uma citação judicial relacionada aos crimes pelos quais respondia. Segundo um dos interrogados, o documento criou um “clima estranho” na cela. Ele afirmou: “Chegou uma citação dele, aí ficou aquela coisa no ar e tal, já ficou um clima estranho”.
Na noite do incidente, o documento teria sido lido por alguns detentos, o que, segundo os relatos, provocou uma discussão na cela. Um dos presos declarou que as agressões começaram após o jantar, mas disse que não participou diretamente. Outro detento, no entanto, admitiu ter dado dois chutes na perna da vítima. Apesar das contradições nos depoimentos, há consenso de que a leitura do documento foi o ponto inicial para as agressões.
Savedra, segundo os relatos, foi levado ao banho após as agressões, mas retornou apresentando sinais de fraqueza, dificuldade para respirar e ficou deitado em sua cama. Um dos presos afirmou que chamaram os agentes penitenciários e a equipe de saúde, mas ele já estaria em estado grave.
Documento e protocolo sob investigação
Os presos apontaram que o documento com as informações sobre o caso de Savedra foi entregue por uma pessoa não identificada. Um deles mencionou que acredita que o papel tenha sido trazido por “alguma parte de algum jurídico, alguma coisa da unidade”, mas não soube especificar quem o entregou. A entrega do documento e sua leitura pela cela estão sendo apuradas pelas autoridades.
A origem exata do papel e se ele foi entregue por agentes ou por outro preso ainda não foram esclarecidas. Questionados, os detentos admitiram que, após a leitura, a situação na cela ficou “movimentada” e “estranha”, mas nenhum deles assumiu ter iniciado ou liderado as agressões mais graves.
Contradições nos depoimentos
Os depoimentos dos presos têm divergências sobre quem participou das agressões e sobre a gravidade das mesmas. Um dos interrogados negou envolvimento, enquanto outro afirmou ter dado dois chutes na vítima. Já um terceiro preso declarou que a maioria dos detentos da cela participou das agressões com socos e chutes.
As investigações indicam que Savedra possuía hematomas pelo corpo, conforme registrado pelos investigadores. No entanto, as circunstâncias exatas que levaram à sua morte dependem de análises periciais e da conclusão da investigação policial.
Próximos passos
A polícia prossegue com as investigações para apurar responsabilidades individuais e coletivas no caso. As autoridades trabalham para esclarecer como o documento chegou à cela e se houve violação de protocolos de segurança ou sigilo.
A CGN não publicará os vídeos dos interrogatórios para garantir a segurança dos demais presos.
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