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Desemprego não caiu: Como as estatísticas mascaram a realidade

A conta simplesmente não fecha. Com cada vez mais pessoas vivendo do Estado e menos contribuindo efetivamente para ele, o equilíbrio fiscal do país é posto em risco. ...

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Por Redação CGN

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Editorial CGN – O Brasil vive um dilema crescente e preocupante: uma minoria produtiva, que sustenta por meio de impostos uma massa significativa de dependentes do Estado. Em um país com 203 milhões de habitantes, apenas 43 milhões de brasileiros fazem parte do setor produtivo, como empresários, empreendedores e funcionários formais. Isso representa menos de 25% da população gerando riqueza para manter não apenas os serviços essenciais, mas também um vasto sistema de benefícios sociais e previdenciários.

Essa estrutura, que deveria servir como uma rede de segurança para os mais vulneráveis, tornou-se, ao longo das últimas décadas, uma verdadeira armadilha de dependência para milhões de brasileiros. O número de pessoas amparadas pelo Bolsa Família, por exemplo, saltou de cerca de 40 milhões em 2019 para 55 milhões em 2023. Esse aumento é alarmante e levanta uma questão crucial: o que era para ser um suporte temporário em tempos de crise agora se consolidou como uma fonte permanente de renda para milhões. No modelo atual, o Bolsa Família não está mais cumprindo sua função de elevar cidadãos temporariamente vulneráveis. Em vez disso, tem incentivado uma cultura de dependência, onde o benefício se torna um meio de vida para milhões.

Esse cenário não se restringe apenas aos beneficiários do Bolsa Família. Quando observamos os 12 milhões de servidores públicos, somados aos 39 milhões de aposentados e pensionistas, fica claro que a estrutura econômica brasileira está pesando demais sobre a base produtiva. A conta simplesmente não fecha. Com cada vez mais pessoas vivendo do Estado e menos contribuindo efetivamente para ele, o equilíbrio fiscal do país é posto em risco. Para cada beneficiário de programas sociais e previdenciários, há menos de dois trabalhadores contribuindo, um índice insustentável para qualquer nação.

Outro aspecto que merece atenção é a geração mais jovem, a chamada Geração Z, que está entrando no mercado de trabalho com uma mentalidade de rejeição a empregos formais e fixos. Esse fenômeno não se dá apenas pelo aumento do custo de vida ou pelo baixo salário inicial. Muitos jovens hoje se questionam sobre o custo-benefício de trabalhar formalmente, especialmente quando podem receber um auxílio estatal que, embora modesto, serve como complemento financeiro suficiente para os que ainda moram com os pais. Para muitos, não faz sentido sair de casa e enfrentar o mercado de trabalho formal quando têm a alternativa de uma vida descompromissada.

Esse cenário influencia diretamente os índices de desemprego, que apresentam uma falsa melhora. O Brasil utiliza uma metodologia onde apenas os que estão ativamente buscando emprego são considerados desempregados. Se uma pessoa, por desmotivação ou conveniência, decide não buscar trabalho, ela sai das estatísticas. Em tempos recentes, quem prefere atividades informais ou simplesmente não têm interesse em trabalhar, não são contabilizados como desempregados. Ou seja, a taxa de desemprego cai, mas não porque temos mais gente trabalhando, e sim porque temos menos gente procurando emprego. Esse detalhe técnico mascara a realidade e impede que se veja a gravidade da situação: temos uma geração que não está entrando no mercado de trabalho e que, se essa tendência continuar, terá um futuro incerto.

A dependência econômica, aliada à falta de interesse de uma parcela significativa dos jovens pelo mercado de trabalho formal, gera um ciclo vicioso que prejudica o crescimento do país. Com menos pessoas dispostas a trabalhar, a produtividade nacional sofre, os índices de inovação caem, e o poder econômico da nação se enfraquece. Se o Estado continuar a priorizar o assistencialismo sobre a criação de oportunidades reais de emprego e qualificação, estará fadado a aumentar a carga tributária sobre os poucos que ainda produzem, em um esforço desesperado para manter uma máquina pública insustentável.

Em um país com tantos recursos naturais e um potencial produtivo ainda inexplorado, é inconcebível que a solução seja continuar sobrecarregando quem trabalha. É preciso reformular os programas de assistência social para que cumpram seu papel de rede de segurança, não de perpetuação de dependência. O Brasil precisa investir em políticas de emprego e qualificação, especialmente para os jovens, para que o trabalho e o empreendedorismo se tornem mais atraentes do que a inércia dos benefícios estatais.

Se queremos um país forte, autossuficiente e economicamente viável, é fundamental que a cultura do trabalho seja resgatada e valorizada. A solução para a crise de dependência econômica brasileira passa por uma reformulação profunda do sistema assistencial, pela promoção do trabalho e pela conscientização da juventude. Não podemos deixar que a próxima geração se acomode com o mínimo oferecido pelo Estado. O futuro do Brasil depende de cidadãos ativos e produtivos, não de uma população acomodada e dependente.

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