Proprietária e corretora de imobiliária são indiciadas por invadir sistema de concorrente

A Polícia Civil, no último dia 18, indiciou duas profissionais do setor imobiliário de Cascavel por invadirem dispositivos informáticos de uma empresa concorrente para obter, adulterar ou destruir dados.

Vera Doriani Fritz, proprietária da Imobiliária “Vera Fritz”, e a funcionária Aline Fatima Ottoni, foram denunciadas pela Imobiliária Lokatell por supostamente invadir o sistema da empresa, captar dados de clientes e assediar essas pessoas que possuíam contratos com a empresa para compra, venda e locação de imóveis.

A suspeita de crime começou quando Aline Fatima Ottoni, ex-gerente da Lokatell, começou a trabalhar na Imobiliária Vera Fritz e supostamente utilizou as senhas da filha da proprietária da Lokatell para acessar o sistema e captar informações.

Helio Ideriha Junior, advogado da Lokatell, detalhou como o crime ocorreu, destacando que a invasão do sistema foi descoberta após clientes da Lokatell começarem a receber contatos de outra imobiliária oferecendo serviços. A partir daí, técnicos da Lokatell descobriram que o sistema estava sendo acessado por alguém de fora com a senha da filha da proprietária da imobiliária.

“Descobriu-se o IP, a identidade do aparelho, de onde estavam vindo essas invasões ao sistema, e a partir disso a Polícia Civil oficiou as companhias responsáveis pela internet e descobriu-se que esses IPs vinham diretamente da imobiliária Vera Fritz”

Helio Ideriha Junior

Após a troca da senha da filha da proprietária, os acessos continuaram com a senha de outra funcionária. A Polícia Civil, ao investigar o caso, descobriu que os IPs das invasões vinham diretamente da Imobiliária Vera Fritz. De acordo com o advogado da Lokatell, foram descobertos mais de 50 acessos ao sistema da empresa, alguns com mais de três horas de duração, todos vindos do IP da Imobiliária Vera Fritz.

“O sistema era acessado, vamos lá, 9h51 da manhã, o imóvel tinha sido deixado no dia anterior. Minutos depois essa corretora já estava entrando em contato com o cliente”

Ainda segundo o advogado da Lokatell, a empresa sofreu prejuízos financeiros significativos devido à invasão do sistema, pois a Lokatell investe muito em publicidade digital e captação de leads, e esses leads também foram captados pelo concorrente.

“A gente não sabe ainda a extensão disso, os prejuízos estão ainda sendo calculados, mas não foram poucos”

O advogado ressaltou a gravidade do crime, destacando que a invasão de sistemas é mais grave do que a simples violação de segredo e que, neste caso, havia dados sigilosos de clientes no sistema.

“todas as informações do cliente ficam guardadas nesse sistema, e essa invasão é um crime mais grave do que a simples violação de segredo, por violar um sistema de informática, e agravado porque lá tinham dados sigilosos de clientes”

Agora, o caso está nas mãos do Ministério Público, que não tem um prazo definido em lei para oferecer denúncia, requerer mais diligências ou pedir o arquivamento. No entanto, o advogado da Lokatell espera que o Ministério Público trate o caso com rigor, a fim de prevenir novas condutas.

“O crime de violação de sigilo, aliás de invasão do sistema de informática, ele prevê uma pena de 1 a 4 anos, mas pode ser aumentada para 2 a 5 anos, quando dentro desse sistema existam dados sigilosos, ou segredos comerciais, que era o caso”.

Uma terceira funcionária da imobiliária, esta corretora de imóveis que realizava o contado com os clientes, também foi investigada pelo escritório. A Polícia Civil decidiu não indiciar a funcionária pois não conseguiu demonstrar a participação da mesma na arquitetação da coleta de dados da vítima.

A equipe da CGN entrou em contato com a imobiliária Vera Fritz, buscando conversar com as citadas, porém, não obteve retorno. O espaço segue aberto.