Juros: taxas disparam com ajuste ao comunicado do Copom, Treasuries e fiscal

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,985%, de 10,940% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026...

Publicado em

Por Agência Estado

Os juros futuros fecharam a sessão em forte alta nesta quinta-feira pós-Copom. O destaque da curva foi o trecho curto, que subiu 25 pontos-base, diante da leitura de que o ciclo total de ajuste da Selic pode chegar a 2 pontos porcentuais para ancorar as expectativas de inflação. A precificação de Selic para a reunião de novembro já mostrava, nesta tarde, 20% de chance de uma aceleração no ritmo de aperto de 0,25 ponto para 0,75 ponto porcentual. Ainda que em menor magnitude, os vencimentos longos também subiram, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries e pela cautela antes do relatório bimestral de receitas e despesas que sai amanhã.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,985%, de 10,940% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 encerrou com taxa de 12,05%, de 11,76%, fechando acima de 12% pela primeira vez desde 29/3/2023 (12,14%). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,01% (de 11,81% ontem no ajuste) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 12,08%, ante 11,95% ontem no ajuste.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 10,75% e trouxe uma comunicação considerada hawkish, deixando totalmente em aberto qual será o plano de voo. Várias casas têm colocado seus cenários para a política monetária em revisão para cima, diante da ênfase dos diretores sobre o ritmo de atividade após terem trazido o hiato do produto para o campo positivo. Essa mudança, em boa medida, foi vista como justificativa para o aumento da projeção de IPCA para 3,5% no primeiro trimestre de 2026, ainda mais distante da meta de 3%.

O avanço dos DIs curtos era esperado, mas não na magnitude registrada, e deveria, em tese, ancorar a ponta longa, mas não foi o que aconteceu. O alívio do câmbio, com o dólar descendo agora à casa de R$ 5,42, não conseguiu nem mesmo limitar o avanço das taxas.

O economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, explica que isso até ocorreu no começo do dia, mas depois os vencimentos longos também começaram a ganhar tração. “Estamos vendo um movimento de abertura da parte longa nos Estados Unidos e isso talvez tenha algum tipo de influência aqui, mas no geral deveria ser uma dinâmica mais doméstica do que qualquer outra coisa”, comentou.

Sichel não descarta que o mercado tenha também buscado alguma proteção antes da divulgação do relatório bimestral previsto para esta sexta-feira. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, diz, porém, que o documento consolidará “de vez” o cenário para o cumprimento da meta fiscal de 2024.

Na curva, o mercado não só consolidou a aposta de alta de 0,50 ponto da Selic no próximo Copom, como a precificação já mostra 20% de probabilidade de a dose ser de 0,75 ponto. Os DIs apontam ainda taxa básica a 11,75% no fim de 2024 e ciclo total de ajuste de 2 pontos, incluindo o já realizado ontem. Os cálculos são do economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, para quem o mercado parece estar embutindo nos preços a chance de o BC ter de elevar a Selic bem mais do que o imaginado pelos receios de manutenção da pressão fiscal.

Dado o nível de estresse na curva, o Tesouro optou por reduzir os lotes de prefixados no leilão desta quinta-feira. As ofertas de 600 mil NTN-F e de 6 milhões de LTN foram absorvidas integralmente.

Google News

Whatsapp CGN 3015-0366 - Canal direto com nossa redação

Envie sua solicitação que uma equipe nossa irá atender você.


Participe do nosso grupo no Whatsapp

ou

Participe do nosso canal no Telegram

Veja Mais
Sair da versão mobile