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Casos de Covid-19 em frigoríficos geram preocupação

Documento aponta mais de 140 casos e há trabalhadores com o vírus em várias cidades da região......

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Por Mariana Lioto

Manter as empresas que produzem alimentos funcionando é uma necessidade, mas garantir a segurança de quem trabalha nelas durante a pandemia é igualmente importante. Em Cascavel, o número de casos do novo coronavírus nos frigoríficos tem gerado preocupação. Hoje um documento foi encaminhado ao COE (Centro de Operações de Emergência) pela AP-Ler (Associação dos Portadores de Lesões por Esforços Repetitivos de Cascavel) relatando que os dois principais frigoríficos da cidade teriam 141 casos confirmados entre trabalhadores, incluindo o óbito de um motorista, e outros 9 entre contatos.

Vale lembrar que centenas de trabalhadores vêm de pequenas cidades da região, o que pode fazer com que o vírus se espalhe em outros municípios.

Em Braganey, por exemplo, a cidade tem 5,4 mil habitantes e dez casos da Covid-19 confirmados. Os seis primeiros, incluindo um óbito, são de casos relacionados a cooperativas.

“Foi solicitado a interrupção do transporte dos trabalhadores de uma das empresas como forma de conter a disseminação do vírus. Outra medida tomada pela Secretaria de Saúde está sendo a realização de exames em todos os funcionários sintomáticos das cooperativas”, comentou o secretário de Saúde, João Carlos Guzzo.

A CGN procurou a 10ª Regional de Saúde questionando se existe um levantamento para saber se o número de casos altos em outros  municípios menores tem relação com o trabalho nos frigoríficos. A assessoria da Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), no entanto, disse que não pode divulgar as informações e que isso seria competência de cada Município. Eles afirmam que podem agir caso as cidades peçam apoio no enfrentamento da doença.

A Lar, que tem 15,5 mil funcionários, uma parte deles em Cascavel, emitiu uma nota à imprensa. Eles afirmam que desde o início vem reforçando os cuidados, afastando servidores com sintomas e dispensando colaboradores do grupo de risco. O bom resultado alcançado em Matelândia, onde não há nenhum caso positivo, no entanto, não se repetiu em Cascavel.

“Em Cascavel, seguindo os mesmos protocolos de prevenção e controle já tivemos alguns casos positivos, o que demonstra claramente que o vírus vem de fora. O problema tem sido as aglomerações fora do ambiente de trabalho, o que também nos preocupa. Todos os funcionários detectados como positivos para Covid-19 estão seguindo os procedimentos dos órgãos de saúde, as pessoas que tiveram contato com os mesmos também ficam isoladas. Consideramos a situação estável e em declínio, visto que muitos já se recuperaram e retornaram ao trabalho”, disse a empresa em nota (veja o documento na íntegra ao final da reportagem).

Laerson Matias, da Ap-Ler, afirma que o objetivo do ofício enviado hoje é ter uma avaliação destes locais de trabalho, com testagem em massa, avaliação dos equipamentos de proteção usado e desinfecção da doença.

Elenice Guarez do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Cascavel comenta que eles atualmente representam apenas os pequenos frigoríficos, mas a preocupação com relação aos estabelecimentos maiores existe.

“A gente vem conversando sobre a necessidade de manter os cuidados de segurança quanto ao distanciamento e troca de máscara. Toda a sociedade precisa que estes trabalhadores permaneçam saudáveis”.

Desde o início da pandemia o funcionamento das indústrias foi autorizado pelos decretos em Cascavel. Nas empresas com grande número de funcionários, houve orientação para criar escalas para evitar aglomeração na entrada, saída e refeições.

A CGN buscou a Prefeitura de Cascavel para saber quais as ações de fiscalização, orientação e se há algum protocolo diferenciado para a testagem dos trabalhadores. Até a publicação desta reportagem, no entanto, ninguém foi designado para falar sobre o assunto.

Atualização

A prefeitura disse que desde o mês de março as equipes da Vigilância em Saúde tem estado em contato com os frigoríficos, inicialmente encaminhando documentos relativos a recomendações e orientações; na sequência por meio do atendimento à denúncias pontuais; e por meios de inspeções para verificação in loco do atendimento ou não das recomendações.

“Mediante as inspeções realizadas foram observadas a necessidade de melhorias em alguns pontos que, embora já estavam sendo implementados de forma total e/ou parcial, necessitavam de reforço como notificação aos órgãos de saúde em relação aos sintomáticos respiratórios, os afastamentos por grupos de risco, adequações quanto o distanciamento nas linhas de produção, distanciamento em áreas comuns. O que foi possível verificar durante as inspeções é que as empresas tem buscado adotar medidas para que os trabalhadores que estiverem com algum sintoma, passem pelo serviço médico do estabelecimento e seja afastado.

Ressaltamos que dentre as inspeções realizadas, tivemos a participação do CEREST/10ª RS, com aplicação de roteiro de inspeção do CEST (centro estadual de saúde do trabalhador). Os frigoríficos, pela sua própria estrutura, são locais fechados e quase sem ventilação, por isso necessidade de reforçar as orientações para essas empresas, entre essas está a busca ativa de sintomáticos respiratórios, ou seja de buscar entre os trabalhadores aqueles com sintomas de gripe, e realizar o afastamento dos mesmos.

Outro ponto importante, é a ‘obediência’ do afastamento com isolamento, por parte dos trabalhadores desse ramo de atividade. Importante que esses profissionais que estão sendo afastados, sigam a orientação médica e mantenham-se em isolamento, obedeça as orientações de distanciamento social.

Informamos que recebemos um documento da AP-LER, que será analisado e respondido na sequência. Ressaltamos que o MPT também está acompanhando a situação dos frigoríficos”, disse o município em nota.

Veja o número total de casos confirmados da Covid-19 nos municípios da 10ª Regional de Saúde segundo a Sesa:

Veja a nota na íntegra divulgada pela Lar:

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