Segundo trimestre deve ser bem pior para o PIB, diz presidente do BC

“O PIB do primeiro trimestre só teve um pouco do efeito (da pandemia) em março”, afirmou Campos Neto. ...

Publicado em

Por Agência Estado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 1º de junho, que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ser “bem pior” no segundo trimestre de 2020, em função da pandemia do novo coronavírus. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 1,5% no primeiro trimestre, ante os três meses anteriores. O porcentual refletiu apenas os primeiros efeitos da pandemia sobre a atividade.

“O PIB do primeiro trimestre só teve um pouco do efeito (da pandemia) em março”, afirmou Campos Neto.

Ele pontuou, no entanto, que o setor agrícola segue com resultados positivos, inclusive no primeiro trimestre. “O segundo trimestre deve ser bem pior para o PIB. Esperamos recuperação do PIB a partir do terceiro trimestre.”

Ao avaliar os dados de atividade, Campos Neto também afirmou que houve uma piora crescente da expectativa entre agentes econômicos sobre o PIB.

De fato, no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda, a projeção mediana para o PIB já indica queda de 6,25% em 2020. Sobre o mercado de trabalho, ele afirmou que a queda do emprego registrada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi “sem precedentes”. Apenas em abril, foram fechadas no Brasil 860.503 vagas de trabalho com carteira assinada.

Juros

O presidente do Banco Central reafirmou que não é possível manter uma taxa de juros estruturalmente baixa no Brasil “se o fiscal não estiver arrumado”. Atualmente, a Selic (a taxa básica de juros) está em 3,00% ao ano, no menor nível da história.

Campos Neto afirmou ainda que a dívida bruta é um conceito contábil “um pouco distorcido” no Brasil. “É como uma empresa olhar o passivo, mas não olhar todos os ativos. As reservas não entram na conta”, afirmou.

A dívida bruta brasileira atingiu 79,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, conforme os dados do próprio BC. Já a dívida líquida – que leva em conta as reservas internacionais – atingiu 52,7% do PIB no fim de abril.

Campos Neto descartou ainda a venda de reservas internacionais para o abatimento da dívida bruta ou para o investimento na infraestrutura. Segundo ele, isso é um “tema contábil” e não faria sentido.

“Alguns países acumulam reservas porque têm superávit. O Brasil se endividou para comprar um ativo, que são as reservas”, explicou Campos Neto.

Segundo ele, com a venda de reservas, ainda sobraria a dívida.

As declarações de Campos Neto foram feitas em audiência pública virtual da comissão mista do Congresso voltada para o acompanhamento das medidas econômicas do governo durante a pandemia do novo coronavírus.

Google News

Whatsapp CGN 3015-0366 - Canal direto com nossa redação

Envie sua solicitação que uma equipe nossa irá atender você.


Participe do nosso grupo no Whatsapp

ou

Participe do nosso canal no Telegram

Veja Mais
Sair da versão mobile