AMP

Puxada pelo Brasil, América do Sul é novo epicentro mundial da pandemia

Até ontem, o Brasil respondia por 57,2% dos 578.329 infectados na região e por 71,8% dos 28.318 mortos. O diretor do programa de emergências da OMS,...

Publicado em

Por Agência Estado

Com o Brasil com quase 60% do número de casos e mortes na região, a América do Sul é um novo epicentro da covid-19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ontem, o País chegou à marca de 21.048 mortos e 330.890 infectados pelo novo coronavírus. O Brasil registrou 1.001 novas mortes em 24 horas, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde. De quinta para sexta, houve registro de 20.803 novos casos de infecção. Em óbitos, o País só está atrás dos Estados Unidos.

Até ontem, o Brasil respondia por 57,2% dos 578.329 infectados na região e por 71,8% dos 28.318 mortos. O diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, destacou que o País é o local mais afetado da região, e alertou para a situação específica de alguns locais, como o Amazonas, que registra uma das maiores taxas de incidência. O Estado possui 612 infectados a cada 100 mil habitantes, número inferior apenas ao do Amapá (613,4), segundo o Ministério da Saúde. A taxa de incidência nacional da covid-19 está na faixa de 150. Especialistas internacionais, como os do Imperial College, já apontam o Brasil como o principal ponto de difusão da doença.

Para Nacime Salomão Mansur, superintendente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), entidade responsável pela administração de parte dos leitos do Hospital de Campanha do Anhembi, na capital paulista, o número de casos e de mortes assusta, mas era esperado. “O que estamos vivendo agora acontece pelas grandes densidades populacionais, por grande parte da população se manter sem o isolamento social e pela nossa péssima distribuição de renda”, comentou.

Segundo ele, a crise demorou a avançar até por algumas decisões governamentais. “Falando especificamente sobre São Paulo (epicentro brasileiro da doença), o Estado de certa maneira cumpriu com o papel na tentativa de achatar a curva a tempo de aumentar o número de leitos hospitalares”, acrescentou.

O total de pessoas mortas por covid-19 em São Paulo cresceu 3,8% em 24 horas, chegando a um total de 5.773 óbitos, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Foram mais 215 óbitos. O total de casos confirmados da doença aumentou de 73.793 para 76.871 em 24 horas. Ao todo, 74,7% dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) que foram reservados para pacientes infectados pelo novo coronavírus estão ocupados. Na Grande São Paulo, a situação é ainda mais próxima da lotação: 91,4% das vagas já estão preenchidas.

E os dados de ontem reforçam tendência já divulgada pelo governo, de avanço da doença pelo interior do Estado: dos 645 municípios de São Paulo, 500 têm registro da doença. “O vírus continua se espalhando e já alcança o equivalente a 77,5% do território”, informa a nota oficial do Estado.

Estrutura. Mario Rubens Vianna, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Amazonas, diz que não aguenta mais pedir ajuda para o governo federal para minimizar a crise. “Já disse inúmeras vezes que o Brasil deveria ter alguma preocupação especial com o Amazonas pela extensão territorial e pelo acesso difícil a muitas cidades. Já tínhamos uma saúde pública precária antes da pandemia. Imagina agora…”

O principal problema no momento, segundo ele, está na dificuldade em atender à população das cidades do interior. “Em muitos municípios afastados não há saúde pública de nível mínimo, falta qualificação dos profissionais, é uma tragédia. A consequência disso é a superlotação dos hospitais da capital. A população dessas cidades menores migra em busca de atendimento.”

Saídas

Para especialistas, o cenário de contenção da epidemia envolve manter ou ampliar restrições. Mansur prefere aguardar os números da próxima semana, antes de dizer se o lockdown (bloqueio total) seria o próximo passo a ser dado para tentar tirar o País do epicentro da pandemia. “Os feriados prolongados (em São Paulo) foram interessantes, vieram a calhar. Foi uma forma inteligente de melhorar o isolamento social. Se na próxima semana for mantido a crescente no número de casos, vai ser necessário (o lockdown). Mas o mais importante agora é começar a fazer testagem em larga escala.”

A presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Irene Abramovich, também menciona a testagem como uma forma de ter a dimensão da pandemia no País e conseguir salvar vidas. “Não vou dizer que (a pandemia) pegou a gente de surpresa, mas chegou muito rápido.” (Colaboraram Érika Motoda e Bruno Ribeiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Google News

Whatsapp CGN 3015-0366 - Canal direto com nossa redação

Envie sua solicitação que uma equipe nossa irá atender você.


Participe do nosso grupo no Whatsapp

ou

Participe do nosso canal no Telegram

Veja Mais
Sair da versão mobile