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© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Acordo prevê ampliar acervo de objetos de religiões afro-brasileiras

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, assinou nesta segunda-feira (20), no Rio de Janeiro, um convênio de pesquisa sobre objetos sagrados de religiões de matriz......

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Por CGN

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O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, assinou nesta segunda-feira (20), no Rio de Janeiro, um convênio de pesquisa sobre objetos sagrados de religiões de matriz africana. O objetivo é conhecer melhor o acervo que tem 519 objetos apreendidos, como roupas, chapéus e atabaques, pela polícia do estado entre 1890 e 1946, e ampliar a coleção com a recuperação de outros artefatos.

O acordo prevê um intercâmbio de conhecimentos e de práticas técnico-científicas entre a Defensoria Pública da União e o Museu da República, que vão analisar mais de 300 inquéritos policiais do período.

“As batidas policiais aconteciam frequentemente durante as cerimônias religiosas. Mesmo depois dos sacerdotes e sacerdotisas soltos, os objetos sagrados permaneciam presos como prova documental de um crime. Que crime o povo de axé cometeu? É crime cultuar os orixás? Claro que não, mas por cultuar o sagrado, o povo de santo foi perseguido”, disse o diretor do Museu da República, Mário Chagas.

“Os objetos sagrados que foram guardados como prova de um crime que não existiu, hoje testemunham o crime, esse sim concreto, cometido pelo Estado contra as religiões de matriz afro-brasileira”, acrescentou.

Para o ministro Silvio Almeida, o acordo ajuda a aprofundar o processo de reparação histórica aos candomblecistas e umbandistas.

Uma campanha oficial foi criada em 2017, liderada pela Mãe Meninazinha de Oxum e uma das principais referências do candomblé, chamada de Liberte Nosso Sagrado, e teve o apoio de diferentes movimentos da sociedade civil.

O assunto chegou ao Ministério Público e à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Depois de uma série de debates, foi assinado um termo de cessão e o acervo foi levado para o Museu da República, onde se encontra desde 21 de setembro de 2020.

Novo nome

O superintendente regional do Iphan no Rio, Paulo Vidal, informou que uma portaria será publicada nesta terça-feira (21) para mudar oficialmente o nome do acervo, que no livro de tombo etnográfico ainda consta como “Magia Negra”, e agora vai ser oficialmente reconhecido como “Nosso Sagrado”. Para quem lutou tanto tempo para proteger e repatriar os artefatos, o evento trouxe vitórias importantes.

“Muito feliz pelo nosso trabalho ter sido reconhecido. Do Nosso Sagrado ser reconhecido como sagrado. É o primeiro passo de muitas outras coisas. O caminho é muito grande, mas vamos chegar lá com a benção dos orixás”, celebrou Mãe Meninazinha de Oxum.

Catálogo Moda de Terreiro

O ministro Silvio de Almeida também participou do lançamento do catálogo impresso “Moda de Terreiro” no Museu da República. O projeto é coordenado por Mãe Meninazinha de Oxum, no Ilê Omolu Oxum, de São João de Meriti, na região metropolitana do Rio.

A publicação, de 40 páginas, reúne de vestimentas sagradas, que foram confeccionadas por mulheres do Ateliê Obirim Odara, do Ilê Omolu Oxum, coordenado por Mãe Nilce de Iansã. O catálogo é patrocinado pelo Fundo de Investimento Social (ELAS) e pela Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil).

As vestimentas fazem parte de uma tradição da Bahia, trazida por Iyá Davina (1880-1964), mãe de santo e avó materna de Mãe Meninazinha de Oxum, matriarca do Ilê Omolu Oxum.

O Ateliê Obirim Odara surgiu a partir do programa de combate à misoginia e à violência doméstica, do Ilê Omolu Oxum, que acolhe mulheres vítimas desses crimes.

Fonte: Agência Brasil

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