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Bloco de Notas – por Caio Gottlieb

Levando em conta que era considerável o risco de Roberto Requião vir a ser chamado para comandar a Itaipu, a escolha de Ênio Verri, deputado federal...

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Por Caio Gottlieb

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Levando em conta que era considerável o risco de Roberto Requião vir a ser chamado para comandar a Itaipu, a escolha de Ênio Verri, deputado federal por Maringá, trouxe um imenso alívio. Com graduação e mestrado em Economia, ele é um bom quadro técnico do PT, além de ser, ao contrário do ex-governador paranaense, um político civilizado. Eleito pela terceira vez para a Câmara, ele toma posse nesta quarta-feira (1) e mais à frente renunciará ao cargo para poder assumir a direção geral brasileira da hidrelétrica. Portanto, não é um simples pedido de licença, o que lhe permitiria reassumir a cadeira no parlamento quando bem entendesse. Por imposição legal, o desligamento é definitivo, significando que Ênio ajustou com Lula para ficar no comando da empresa ao menos até o final do atual governo. Aconteceu a mesma coisa com Jorge Samek, que abriu mão do mandato em 2003 para dirigir a binacional e lá ficou por 13 anos.

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Com a marca implantada em diversos municípios do interior do Estado mais rico do Brasil e planos para abrir novas unidades nos próximos meses, era inevitável que os irmãos Ederson, Everton e Eduardo Muffato, cedo ou tarde, iriam fincar as bandeiras de sua rede de supermercados na cidade de São Paulo. Sabendo, porém, que era preciso chegar no maior mercado consumidor do país com uma operação consistente e escalável, o grupo cascavelense soube esperar o momento certo para dar o bote. A oportunidade surgiu com a aquisição de imóveis remanescentes da tradicional varejista Makro, centenária companhia de origem holandesa que há tempos vem se desfazendo de seus ativos para encerrar as atividades no país. Iniciada em meados do ano passado, a negociação consumou-se dias atrás e envolveu 16 lojas e 11 postos de combustíveis. Três pontos de venda estão localizados na capital e três na região metropolitana. Veio bem a calhar.

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Não é de hoje que Lula chama de golpe de Estado o impeachment de Dilma Rousseff. A mais recente provocação ocorreu na viagem a Montevidéu, quando ele disse que “quase tudo que nós fizemos de benefício social foi destruído em sete anos. Três do golpista Michel Temer e quatro de Bolsonaro.” Dessa vez, o ex-presidente não deixou barato. Relembrando a terra arrasada que encontrou quando Dilma foi apeada do cargo, ele rebateu o petista com uma nota recheada de ironia: “Mesmo tendo vencido as eleições para cuidar do futuro do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor, agora tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas. Ao contrário do que ele disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi, na verdade, aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição. E sobre ele ter dito que destruí as iniciativas petistas em apenas dois anos e meio de governo, é verdade. Destruí um PIB negativo de 5% para positivo de 1,8%; inflação de dois dígitos para 2,75%; juros de 14,25 para 6,5%; queda do desemprego ao longo do tempo de 13% para 8% graças a reforma trabalhista; recuperação da Petrobras e demais estatais graças a Lei das Estatais; destruí a Bolsa de Valores que cresceu de 45 mil pontos para 85 mil pontos. Cometi a destruição de elevar o recorde na produção de grãos, nas exportações e na balança comercial. Como se vê, com a nossa chegada ao governo o Brasil não sofreu um golpe institucional, foi sim “vítima” de um Golpe de Sorte. Recomendo ao presidente Lula que governe olhando para a frente, defendendo a verdade, praticando a harmonia e pregando a paz”. Lula podia ter ido dormir sem essa.

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Convém recordar, a propósito, que o impeachment de Dilma foi finalizado pelo Senado sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal, que à época era o ministro Ricardo Lewandowski, indicado para a Corte pelo próprio Lula. Portanto, se Temer deu o golpe, contou com a cumplicidade do STF e com o apoio de nada menos que sete integrantes do atual ministério (a saber, Geraldo Alckmin, Simone Tebet, José Múcio, Marina Silva, Juscelino Filho, Carlos Fávaro e André de Paula), que naquela ocasião se posicionaram a favor da perda do mandato da ex-presidente por ter afundado o Brasil na pior crise econômica de sua história. Com o governo cheio de golpistas, conclui-se que os discursos raivosos e revanchistas de Lula em solidariedade à companheira Dilma são feitos só para agradar a militância. A hipocrisia do mandatário colocado no Palácio do Planalto pelas urnas eletrônicas não tem limites.

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É fato que, fora os índios e os garimpeiros, o que mais tem na floresta Amazônica são Organizações Não Governamentais, as ditas ONGs. O jornalista Alexandre Garcia deu-se ao trabalho de fazer um levantamento e descobriu que existem por lá cerca de 16 mil. Há que se reconhecer, por uma questão de justiça, que boa parte delas constitui-se de entidades conceituadas, de renome internacional, que atuam com transparência e prestam contas do dinheiro que recebem de governos e empresas para atividades de proteção à mata, à fauna e aos povos tradicionais da região ou para desenvolver pesquisas e estudos científicos. Sobram, porém, milhares de outras que estão pouco ligando para o destino das árvores ou dos indígenas. Que o digam as pedras preciosas e as riquezas da biodiversidade escondidas na selva.

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Apenas uma obra no Paraná está listada no conjunto de ações prioritárias para o setor de infraestrutura que o governo federal pretende entregar em várias regiões do país até abril, anunciado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, como “Plano de 100 Dias.” Trata-se da conclusão do Contorno Oeste de Cascavel, que envolve a duplicação de um trecho da rodovia BR-163. O percurso de 19 quilômetros deveria ter ficado pronto antes do final do ano passado, mas os trabalhos atrasaram devido às chuvas nos meses de novembro e dezembro. Entretanto, o investimento de 68 milhões de reais não é originário dos cofres da União, como Renan dá a entender. É dinheiro da Itaipu Binacional, que ao longo dos últimos quatro anos, por decisão do Palácio do Planalto, custeou grandes obras em todo o estado, entre elas a segunda ponte entre o Brasil e o Paraguai em Foz do Iguaçu, o que jamais havia acontecido anteriormente na história da empresa. Vamos sentir saudades da gestão da hidrelétrica nos tempos de Bolsonaro.

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Sempre muito à vontade para falar bobagens e proclamar inverdades, Lula se superou ao afirmar em Buenos Aires que a economia da Argentina fechou o ano em “situação privilegiada”. Seja lá qual tenha sido a intenção do petista, não poderia haver declaração mais despropositada, e até ofensiva, em um país assolado por uma inflação que beira a taxa anual de 100% e que tem quase a metade de sua população vivendo na mais absoluta miséria. Pedimos aos “hermanos” que perdoem o mandatário brasileiro. Ele não sabe o que diz e nem o que faz.

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Em sua primeira viagem como senador empossado para cumprir uma agenda política, e já demonstrando que é pra valer a promessa feita na campanha de que seria presença constante no interior do Estado ao longo do mandato, Sergio Moro vem a Cascavel nesta segunda-feira (6) para visitar o Show Rural. Registre-se que o ex-juiz da Lava Jato não decepcionou o desejo da esmagadora maioria de seus eleitores e votou em Rogério Marinho para a presidência do Senado. Começou bem.

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Nas redes sociais chama a atenção a intensa atividade política do ex-prefeito Edgar Bueno. Exibindo disposição incomum, ele parece estar onipresente em todos os bairros da cidade. Recebido nas casas de amigos e correligionários, Edgar chega a almoçar e jantar mais de suas vezes ao dia. Pelo visto, todo sacrifício é válido, até ganhar uns bons quilinhos a mais, para ele alcançar o objetivo que traçou. Seu projeto de vida é conquistar nas eleições do ano que vem, a qualquer custo, o quarto mandato na prefeitura de Cascavel. E não está brincando em serviço.

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Se você fez o L na eleição, saiba que o seu presidente decidiu abrir os cofres do BNDES para despejar centenas de milhões de dólares na construção de um polêmico gasoduto na Argentina, ressuscitando a condenável iniciativa largamente praticada pelos governos anteriores do PT de financiar (com o meu, o seu, o nosso dinheiro) grandes projetos de infraestrutura em nações “amigas”, que geraram milhares de empregos por lá (além, é claro, de bastante corrupção) e resultaram em prejuízos bilionários para o Brasil, já que boa parte dos empréstimos nunca foi paga. Sobre essa obra no país vizinho existe ainda um agravante: proveniente do xisto, o gás extraído da reserva de Vaca Muerta (o nome é bem sugestivo), no noroeste argentino, é muito mais poluente do que o encontrado em território brasileiro. Ou seja, o negócio bate de frente com o compromisso que Lula assumiu nos fóruns internacionais de salvar a humanidade dos gases que produzem o efeito estufa. Espero ansiosamente pelos gritos de protestos dos ambientalistas

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